Dando continuidade ao artigo, Emoções Caninas - parte I (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=364559376983407&set=a.359963864109625.1073741828.359954727443872&type=1&theater) iremos falar hoje sobre a fisiologia e
anatomia das emoções.
O cérebro dos mamíferos é muito parecido em sua estrutura. O que
muda na verdade é o tamanho das áreas respectivas a certas aptidões, mas a
forma básica é praticamente a mesma.
O sistema nervoso central humano evoluiu grandiosamente no
decorrer de sua extensão histórica. Os outros mamíferos não tiveram esse pico
evolutivo intenso, porém podemos observar claramente como os cães, no decorrer
do período de domesticação, evoluíram “sentimentalmente” para adaptar à vida
social humana.
No centro do cérebro dos mamíferos existe uma estrutura denominada
de sistema límbico. O sistema límbico é composto de áreas cerebrais dentre elas
o hipotálamo, as amigdalas e a hipófise que são responsáveis por diversas
funções principalmente relacionadas às emoções. Todas as experiências vividas
pelo cão ao longo de sua vida ficam armazenadas e codificadas como boas ou
ruins nessas estruturas citadas. Automaticamente quando o animal revive essas
situações são liberados compostos hormonais que fazem o organismo reagir a
determinada experiência, ou seja, a emoção.
Por exemplo, quando o cão passa por algum trauma e revive essa
mesma experiência é liberada em sua corrente sanguínea, a adrenalina e o
cortisol que são alguns dos hormônios do estresse, fazendo com que o cão
demonstre medo, aumentando a frequência cardíaca e respiratória, dilatando as
pupilas, provocando sudorese nas patas e mais uma série de expressões corporais
que veremos com mais detalhes na 3ª parte do artigo.
As endorfinas são liberadas na corrente sanguínea quando o cão se
encontra relaxado e feliz, esse mesmo processo ocorre no organismo humano
produzindo expressões relativas ao bem estar.
O hormônio chamado de ocitocina é conhecido como o hormônio do
amor e é liberado em grande escala no organismo da mulher na hora do parto.
No mundo canino ocorre da mesma forma, esse hormônio é liberado para a
corrente sanguínea da cadela e torna-se notório todo o carinho que ela tem por
sua ninhada.
A emoção é, portanto, uma reação fisiológica conjunto com uma
resposta comportamental. As emoções geram posturas corporais e mimicas faciais
específicas e isso não muda no mundo canino. Observem na imagem como os cães se
mostram fisicamente perante diversos sentimentos. As expressões faciais mudam
drasticamente entre uma sensação e outra. Como Darwin diria “Emoções opostas
geram posturas opostas passando informações precisas da intenção do animal”.
No cérebro humano essas reações químicas ocorrem da mesma forma a
diferença está na interpretação dessas emoções pelo córtex cerebral frontal.
Trocando em miúdos, os cães tem sim sentimentos, a interpretação
deles é que deve ser feita de forma diferente da humana. Isso é simples de
explicar, basicamente por que somos espécies diferentes e isso gera uma forma
única de perceber e sentir. Por exemplo, o sorriso para nós humanos é uma
demonstração de afeição e de reconhecimento de alguém, mas no mundo canino
mostrar os dentes não é nem um pouco amigável, pelo contrário, é o início de
alguma divergência séria ou submissão (dependendo do resto da postura corporal
a intenção do cão muda). A mesma representação facial para emoções diferentes
em espécies diferentes. Aqui faço uma observação, existem cães que esboçam um
“sorriso”. Isso ocorre por aprendizagem de mimetismo, ou seja, os cães que
fazem isso simplesmente aprenderam que imitando essa feição humana agradam o
dono, seria outro ponto evolutivo.
Nós humanos temos um aparato imenso de codificações de emoções,
sentimos inveja, ciúme, medo, frustração, ódio, cobiça e mais milhões de
sentimentos misturados. Os cães são diferentes no sentido de reagir e
interpretar sobre cada emoção. Por exemplo, quando vemos algum carro de última
geração, podemos sentir cobiça, inveja ou simplesmente admirar do veículo. Já
os cães não sentem nada disso quando encontram outro cachorro usando uma
coleira importada. O dono afirmando que seu cãozinho cheirou a coleira do outro
por que gostou da marca está praticando o antropomorfismo citado no início do
artigo anterior (Emoções Caninas – parte I). A verdade é que o cão está
simplesmente buscando informações sobre o outro animal através do odor
impregnado na coleira.
Nós humanos temos a tendência de adicionar sentimentos aos cães
que para eles não tem muito sentido. Fazemos a nossa interpretação e podemos
nos equivocar muito quanto a isso. Foi feita uma pesquisa que comprova essa
afirmação. Em uma sala o pesquisador pedia para o dono colocar um petisco em
cima da mesa e dar o comando para o cão não pegar a guloseima, e logo depois o
dono deveria sair da sala. O pesquisador retirava a comida assim que o dono
saia da sala e dizia a ele que o cão havia pegado o petisco. Quando o dono
entrava novamente, já sabendo que o cão tinha “errado”, se mostrava com a
fisionomia e postura de repreensão (mesmo que muito sutilmente) e o cão por sua
vez se expressava submisso para evitar a bronca e não por se sentir culpado,
afinal de contas ele não tinha feito nada de errado. Dando continuidade ao
experimento quando o cão comia o petisco e o pesquisador falava para o dono que
seu animal tinha se comportado bem, o dono entrava na sala mais relaxado e o
cão se mostrava amistoso a ele, mesmo tendo desobedecido a ordem. Assim os
pesquisadores puderam verificar o quanto os cães são ligados na nossa linguagem
corporal, eles reagem de acordo como nós demonstramos.
Dessa forma para entender como seu cãozinho pensa e sente basta
observá-lo mais e nunca esquecer que o cão, sendo espécie diferente da humana,
possui necessidades distintas e formas únicas de agir.
Já está mais do que provado que os cães sentem e possuem suas
emoções, não menos do que nós, apenas de um jeito diferente.
Para finalizar a série Emoções Caninas a última parte será sobre
as expressões da linguagem corporal, todos aprenderão como interpretar o que
seu cão está sentindo e desejando.
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