segunda-feira, 8 de abril de 2013

EMOÇÕES CANINAS – PARTE II





Dando continuidade ao artigo, Emoções Caninas - parte I (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=364559376983407&set=a.359963864109625.1073741828.359954727443872&type=1&theater) iremos falar hoje sobre a fisiologia e anatomia das emoções.

O cérebro dos mamíferos é muito parecido em sua estrutura. O que muda na verdade é o tamanho das áreas respectivas a certas aptidões, mas a forma básica é praticamente a mesma.

O sistema nervoso central humano evoluiu grandiosamente no decorrer de sua extensão histórica. Os outros mamíferos não tiveram esse pico evolutivo intenso, porém podemos observar claramente como os cães, no decorrer do período de domesticação, evoluíram “sentimentalmente” para adaptar à vida social humana.

No centro do cérebro dos mamíferos existe uma estrutura denominada de sistema límbico. O sistema límbico é composto de áreas cerebrais dentre elas o hipotálamo, as amigdalas e a hipófise que são responsáveis por diversas funções principalmente relacionadas às emoções. Todas as experiências vividas pelo cão ao longo de sua vida ficam armazenadas e codificadas como boas ou ruins nessas estruturas citadas. Automaticamente quando o animal revive essas situações são liberados compostos hormonais que fazem o organismo reagir a determinada experiência, ou seja, a emoção.

Por exemplo, quando o cão passa por algum trauma e revive essa mesma experiência é liberada em sua corrente sanguínea, a adrenalina e o cortisol que são alguns dos hormônios do estresse, fazendo com que o cão demonstre medo, aumentando a frequência cardíaca e respiratória, dilatando as pupilas, provocando sudorese nas patas e mais uma série de expressões corporais que veremos com mais detalhes na 3ª parte do artigo.

As endorfinas são liberadas na corrente sanguínea quando o cão se encontra relaxado e feliz, esse mesmo processo ocorre no organismo humano produzindo expressões relativas ao bem estar.

O hormônio chamado de ocitocina é conhecido como o hormônio do amor e é liberado em grande escala no organismo da mulher na hora do parto.  No mundo canino ocorre da mesma forma, esse hormônio é liberado para a corrente sanguínea da cadela e torna-se notório todo o carinho que ela tem por sua ninhada.

A emoção é, portanto, uma reação fisiológica conjunto com uma resposta comportamental. As emoções geram posturas corporais e mimicas faciais específicas e isso não muda no mundo canino. Observem na imagem como os cães se mostram fisicamente perante diversos sentimentos. As expressões faciais mudam drasticamente entre uma sensação e outra. Como Darwin diria “Emoções opostas geram posturas opostas passando informações precisas da intenção do animal”.




No cérebro humano essas reações químicas ocorrem da mesma forma a diferença está na interpretação dessas emoções pelo córtex cerebral frontal.

Trocando em miúdos, os cães tem sim sentimentos, a interpretação deles é que deve ser feita de forma diferente da humana. Isso é simples de explicar, basicamente por que somos espécies diferentes e isso gera uma forma única de perceber e sentir. Por exemplo, o sorriso para nós humanos é uma demonstração de afeição e de reconhecimento de alguém, mas no mundo canino mostrar os dentes não é nem um pouco amigável, pelo contrário, é o início de alguma divergência séria ou submissão (dependendo do resto da postura corporal a intenção do cão muda). A mesma representação facial para emoções diferentes em espécies diferentes. Aqui faço uma observação, existem cães que esboçam um “sorriso”. Isso ocorre por aprendizagem de mimetismo, ou seja, os cães que fazem isso simplesmente aprenderam que imitando essa feição humana agradam o dono, seria outro ponto evolutivo.

Nós humanos temos um aparato imenso de codificações de emoções, sentimos inveja, ciúme, medo, frustração, ódio, cobiça e mais milhões de sentimentos misturados. Os cães são diferentes no sentido de reagir e interpretar sobre cada emoção. Por exemplo, quando vemos algum carro de última geração, podemos sentir cobiça, inveja ou simplesmente admirar do veículo. Já os cães não sentem nada disso quando encontram outro cachorro usando uma coleira importada. O dono afirmando que seu cãozinho cheirou a coleira do outro por que gostou da marca está praticando o antropomorfismo citado no início do artigo anterior (Emoções Caninas – parte I). A verdade é que o cão está simplesmente buscando informações sobre o outro animal através do odor impregnado na coleira.

Nós humanos temos a tendência de adicionar sentimentos aos cães que para eles não tem muito sentido. Fazemos a nossa interpretação e podemos nos equivocar muito quanto a isso. Foi feita uma pesquisa que comprova essa afirmação. Em uma sala o pesquisador pedia para o dono colocar um petisco em cima da mesa e dar o comando para o cão não pegar a guloseima, e logo depois o dono deveria sair da sala. O pesquisador retirava a comida assim que o dono saia da sala e dizia a ele que o cão havia pegado o petisco. Quando o dono entrava novamente, já sabendo que o cão tinha “errado”, se mostrava com a fisionomia e postura de repreensão (mesmo que muito sutilmente) e o cão por sua vez se expressava submisso para evitar a bronca e não por se sentir culpado, afinal de contas ele não tinha feito nada de errado. Dando continuidade ao experimento quando o cão comia o petisco e o pesquisador falava para o dono que seu animal tinha se comportado bem, o dono entrava na sala mais relaxado e o cão se mostrava amistoso a ele, mesmo tendo desobedecido a ordem. Assim os pesquisadores puderam verificar o quanto os cães são ligados na nossa linguagem corporal, eles reagem de acordo como nós demonstramos.

Dessa forma para entender como seu cãozinho pensa e sente basta observá-lo mais e nunca esquecer que o cão, sendo espécie diferente da humana, possui necessidades distintas e formas únicas de agir.

Já está mais do que provado que os cães sentem e possuem suas emoções, não menos do que nós, apenas de um jeito diferente.


Para finalizar a série Emoções Caninas a última parte será sobre as expressões da linguagem corporal, todos aprenderão como interpretar o que seu cão está sentindo e desejando.



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